Como fôlhas sêcas caindo de árvores em pleno Outono, facadas perdidas da discussão da noite, um apertar violento, sufocante, indesejado. Assim aumenta a ideia de que nada corre bem, falta algo, necessitas desse algo. É "ele" que te foge, ou serás tu que não o sabes procurar?
Relembra-se num escasso período uma frase dita, um momento passado, uma promessa esquecida, um orgulho perdido.
Sentes falta de acreditar que haverá qualquer coisa que desafie a teoria do "sempre ser irreal", falta do olhar fixo como um espelho que reflecte confiança e inocência, um olhar que fala e toca, sente e beija.
Quando tudo se perde, nada mais há a fazer se não tentar de novo. Tentar como um menino que tenta aprender pela primeira vez andar de bicicleta. Tentar como se a tua vida se resumisse ao verdadeiro sentido da palavra tentar, mas...
Abres o álbum de recordações e em todas as fotografias falta qualquer coisa que antes lá estava, que antes sempre lá esteve. Pegas no lápis e borracha e lançaste sem preconceitos para o mundo da escrita, mas nada sai, escreves algo mas riscas por cima com o lápis, falta algo!, não sôa bem, não está perfeito. sim, riscas com o lápis, a borracha essa, deixa-la de lado, não está perfeito mas saiu, não sôa bem mas pensaste, reflectiste e escreveste até, não se esquece, não se apaga.
É como o bater dos minutos de um relógio, o ponteiro não anda sem que bata os segundos, mas tu não queres o minuto, queres a hora e ela nunca mais chega, desesperas e acabas por te perder no tempo, os minutos parecem eternidades e não há volta a dar, o relógio não é teu aliado, o tempo escasseia e já nem ele te dá algo do teu esquecido algo pretendido.
Desencontras-te e perdes-te, vês a tua face reflectida em vários espelhos contraditórios uns aos outros, chegas perto de um deles e olhas-te nos olhos, encontraste finalmente a confiança e inocência, falas alto, pronuncias o teu nome próprio para que todos oiçam, dás a mão na tua própria mão que o espelho te oferece, sentindo um toque frio, sentes um orgulho tremendo, uma saudade inacabada de promessas que ainda irão a tempo de serem cumpridas, frases inventadas, momentos marcantes. Olhas por cima do ombro e não vês então nada, falta o desejo, falta o sentimento. Perguntas pelo algo.